quinta-feira

a tua boca

Há bocas que nos tiram do sério. Esta eu quero beijar há duas eternidades e meia. Mas foge de mim. A mulher pantera recolhe as garras, larga o pêlo negro e luzidio e fica sem brilho. Pantera sem brilho.
o que eu merecia agora era uma mulher a dias, um massagista particular, uma piscina a sério e não um tanque de duas braçadas, um bilhete de avião ou, na impossibilidade de alguma destas coisas, tu, para o jantar.

Podias trazer aquela camisa azul indigo (a do meu sonho) que te fica a matar e uma garrafa de tinto.
Podias explicar-me porque tens tanto medo de usar o coração enquanto os mariscos marinavam no vinho branco e nos coentros.
E se te faltassem as palavras, podias sempre usar a boca, essa tua boca absolutamente deliciosa e apetecível para provar as massas e dizeres se têm sal ou alho a mais ou a menos.

Podiamos regar tudo com aquele azeite do Redondo, encorpado e quente das azeitonas do último Outono.
Eu provavelmente perderia a fome entre comiscar aqui e acolá.
Mas ficaria impávida e serena a ouvir-te ou a olhar-te e perceber-te em cada gesto ou movimento.

eu já merecia...
e tu também, não sei o quê, mas tu também

domingo

Hoje acordei assim...


Com novos olhos...

quarta-feira

eu


sinto-me assim, absolutamente cansada, exausta, gasta. Mas serena apesar de tudo. E imensamente sábia, carregando o peso das lições, o peso da sabedoria aprendida à própria custa. Essa é a melhor de todas as sabedorias.

Sei que irei renascer das cinzas, renovada, centrada, magnífica.
Por agora deixo-me arder, queimar todos os restos de ilusão, medo e mágoa. Em breve estarei de volta.

Hoje acordei assim...



.. e fui para casa...

enjaulada...

...está a pantera, entre uma coisa e a outra, entre promessas que finge não ouvir e saudades que finge não sentir.

Mantém a mão no leme, mas em mar alto.

E toda a gente sabe que as gatas não gostam de água.



ao som do 221

domingo

Com o calor...


... isto atrapalha

Diabo à solta

O diabo já andava à solta, agora vem acompanhado de banda sonora

very delicious indeed


Thanks to

sábado

O tabu do sexo

A visão desta semana traz um artigo sobre os portugueses e o sexo.

Nada que desconhecesse, enfim, mas choca-me comprovar aquilo que vejo entre as mulheres que circulam no meu meio profissional, a saber:

18,3% pensa em sexo algumas vezes por ano (é mais fácil pensar no LCD que está à venda por 46 prestações)

Apenas 69,8% tem prazer quando tem relações (o que será que têm os restantes 30%? Dor de cabeça, náuseas, alergias?)

47,1% NUNCA praticou outra coisa que não sexo na posição de missionário (somos um país dedicado à religiosidade e não se põe a boca em qualquer lado - esta faz-me lembrar uma expressão da minha mãe - não sabes onde isso andou!)

58,3% atinge o orgasmo, o que quer dizer que a outra metade fica a ver navios?

e... 63,4% das mulheres nunca, nunca se masturbou...

Mas se 38,1% dos inquiridos não tem medo nenhum (dos apresentados no artigo) em relação ao sexo, estamos neste estado de coisas, porquê?

Não é por medo, já percebemos, será por vergonha? Vergonha de dizer o que se sente, o que se pensa, o que se deseja?

Chegou-me um caso de um fulano que adorava ser submisso, ser tratado com desprezo por uma dominatrix de botas altas e chicote, mas isso era um segredo que ele guardava e que só praticava com os casos que tinha, extraconjugais. A mulher, aquela com quem vivia, partilhava uma casa, filhos, uma vida, essa não sabia de nada. Perguntei-lhe porque não se abria com ela, porque não partilhava essa sua faceta, esse seu lado da sua personalidade, a sua verdadeira expressão mais profunda, mais íntima de si mesmo.

A resposta foi um lacónico: não sou capaz, e se ela me acha anormal e me deixa e conta a toda a gente?

Partilhamos o emocional, o físico, o intelectual, mas o sexual está repleto de tabus, vergonhas, anormalidades, coisas feias e pecados. Aprendemos a ver o sexo como proibido, passamos a vida toda a brincar com sexo nas conversas, com os amigos, na televisão, mas não nos abrimos na nossa sexualidade, nem mesmo com os companheiros. Não exigimos uma sexualidade franca, poderosa, libertadora.

O sexo é apenas orgasmo para a maior parte das pessoas, e se não o temos, não temos nada.

(já agora, engraçado ver que para pessoas dos 65 aos 75 anos de idade, o fellatio é comum, mas nada de cunnilingus, ou seja, há para aí muita velhota que faz sexo oral mas que provavelmente nunca na vida provou as delícias de lho fazerem a ela).
Tss tss

sono dos justos

o amante dorme
o corpo moreno
robusto
cedeu

e o meu ficou parado
a olhar
a hesitar
a mergulhar

a sonhar
com o teu

Hombre!

Me gusta hacerlo
Me encanta contarlo

Splash!

Agora mergulhava em ti...

Hoje acordei assim...



... a lembrar as talhas opulentas, carregadinhas de... vinho

Hoje acordei assim...



...a pensar numa bela pasta al dente, acompanhada duns tomatinhos vermelhuscos, maduros e sumarentos e uma simples folha de manjericão por cima, a aromatizar.
Apetece lamber os dedos...

quarta-feira

A suave pantera de Marly Oliveira

I

Como qualquer animal,

olha as grades flutuantes.

Eis que as grades são fixas:

Ela, sim, é andante.

Sob a pele, contida

- em silêncio e lisura -

a força do seu mal,

e a doçura, a doçura,

que escorre pelas pernas

e as pernas habitua

a esse modo de andar,

de ser sua, ser sua,

no perfeito equilíbrio

de sua vida aberta:

una e atenta a si mesma,

suavíssima pantera.


Foi curioso descobrir que a poeta Marly de Oliveira escreveu "A Suave Pantera" depois de um passeio pelo jardim zoológico. Marly observava a pantera negra, brilhante como uma jóia. De repente uma criança atira uma pedra e a pantera mostra a fera em fúria. Conta a filha de Marly, Monica Moreira, que a sua mãe foi para casa pensando na suavidade inicial da pantera, a sua noção do presente, sem consciência do passado e sem projectos futuros, presa atrás das grades.

Marly percebeu que a pantera só queria ser livre...
Preferir a pantera ao anjo,
Condensar o vago em preciso

João Cabral de Mello Neto

Porquê pantera?


Porquê pantera, mulher-pantera, perguntaram no outro dia.
Eu explico assim:

O fundo mítico é a lenda sérvia das mulheres-pantera que, ao se relacionarem sexualmente, se transformam em felinas e matam o parceiro.
Chega?
(não, nunca matei ninguém... mas...)

Hoje acordei assim...



Eu e uma maçã...

No País das Uvas


Em Vila de Frades, ali mesmo ao lado da Vidigueira, encontrei o País das Uvas, um restaurante cheio de talhas opulentas, carregadinhas de bom vinho e no ar um cheiro a comida bem feita, com mestria e simpatia.
Mandei isto a uma criatura amiga que me estimula, em várias frentes.


"Hoje comi um almoço como há muito não comia, regado com vinho da casa de um aroma e qualidade excelentes, vindo de umas talhas grandes, opulentas, no meio da sala como senhoras gordas, muito caladas.
Um paio de Portel, vermelhinho e com dose suficiente de colestrol para quereres beber mais vinho e esquecer.

Lebre de vinagrete, aromatizada com alho e coentros, esmagados e embrulhados em azeite que explodiam de sabor na boca, um cozido de grão, com a folha da hortelã a afogar-se no molho de veludo, e grata por isso, ensopado de borrego temperado com noz moscada e vinho tinto (já só para provarmos) e no final um arroz doce, cremoso, aveludado, que se perde na boca, polvilhado fartamente de canela que aquecia o corpo ( a esta hora já muito quente e perdido de amores pelas talhas)... enfim.

E a única coisa que eu era capaz de pensar era em sexo, de como comer e foder (...) estão intimamente ligados, de como tudo passa pela boca, de como a fixação oral se acalma com iguarias que te encham o estômago ou outras iguarias que te acalmem os ímpetos... por umas horas.
De como lamber os dedos pode ser um final de refeição ou um convite para o festim e para começar a comer."

E escusado será dizer que o celibato foi por água abaixo. Só mais este fim de semana...

Coisas para ouvir

E por portas e travessas reencontrei alguém com quem nunca me encontrei na verdade... mas que foi uma lufada de ar fresco
Aqui o Lado B

Faz tempos...

Faz tempos que não beijo uma mulher. Talvez uns 15 anos... mais coisa menos coisa. E tenho andado distraída, nem tenho pensado nisso.

Mas há tempos uma amiga fez esse comentário, que gostava de experimentar beijar uma mulher e eu, eu ofereci-me. Não lhe perguntei se ela me acharia interessante ou apetecível o suficiente para que o desejo de me beijar fosse concretizado. Apenas me ofereci.
E isso trouxe-me recordações, de jovem mulher e de adolescente. Recordações de beijos proibidos, de uma doçura que nunca encontrei na boca de um homem.
É como uma dança em que ambas sabem os passos, uma dança em que ninguém tem necessidade de guiar o outro, uma sincronização perfeita de erotização, doçura, entrega e cumplicidade. Talvez não me desse o mesmo grau de excitação sexual, não deu não... mas deu algo completamente diferente.

Como um dia me disseram:
Encantatório é o teu fechar de olhos, imprevisíveis são os teus dedos, inteligente é a tua língua...

Celibato

Aproximam-se dias de fome, dias de crise, dias de cama vazia. E apesar de tudo isso estou tranquila. Mas aproxima-se um celibato que de natural nada tem. O amante continua a insistir, a rondar o território, a chegar e a tentar colar a boca à minha, a passar-me a mão pelo pêlo e a fazer-me eriçar o desejo.

Como conseguir renunciar ao pecado quando ele mora ao lado?

segunda-feira

Na mesinha de cabeceira...


Afrodite de Isabel Allende
E como a própria Isabel propõe:
Apetite e sexo são os grandes motores da história, preservam e propagam a espécie, provocam guerras e canções, influenciam religiões, lei e arte. (...) Gula e luxúria, que tantas loucuras nos fazem cometer, têm a mesma origem: o instinto de sobrevivência.

E se há livro que me abra o apetite, o apetite por gratinados com queijo derretido, por suculentos molhos aveludados, por beijos apaixonados e orgasmos luxuriantes, esse livro é este.

Hoje acordei assim...


Só com um bocadinho mais de barriga ... :D

sábado

Cio

Estado de receptividade sexual extrema por que passam as fêmeas de muitos mamíferos (excepto no Homem, em alguns primatas e nos morcegos, por exemplo).
Origem: Wikipédia

Hummm, será que têm a certeza? Então o que será isto que me dá em certos dias do mês? Não, não estou a falar da tragédia ocidental do SPM, nem das crises de choro que precedem ou antecedem, ou ambas, a menstruação. Estou a falar desta minha vontade de me roçar pelas paredes da casa, de andar nua, solta, malandra, de me acariciar, de encher a banheira e de me enfiar lá dentro, nua (um dia experimento vestida) de espalhar óleo pela minha pele molhada, de sentir as minhas coxas, as minhas curvas, aonde a pele se torna mais branca.
Esta vontade de brincar com os meus mamilos, de os espetar e vê-los crescer e a roçarem a blusa, de mordiscar o meu braço, de sentir a minha língua na minha pele.

Isto é o quê?
Ovulação? Manias de ninfa? Falta de sexo?

Humm.. não deve ser falta de sexo, até porque muitos dias desses passam e não me apetece sexo com outro, talvez só comigo, comigo com certeza. Ou nada de sexo, apenas esta luxúria privada, apenas minha, apenas para meu deleite.
Nesses dias apetece-me comer, cozinhar e comer devagar, cada garfada lentamente na boca, na minha boca, apenas para sentir cada pedaço a pousar na minha língua, os aromas, os sabores, as texturas. Brincar com o meu cio de mulher-pantera, brincar com a comida na minha boca e talvez, se fosse mulher-contorcionista, brincar comigo mesma...

sexta-feira

E depois?


Depois... fumar um cigarro.
A Alexandra Alpha do José Cardoso Pires dizia: o melhor do mundo é um whisky antes e um cigarro depois. Eu fico-me com o cigarro depois.
(ah, ela dizia isto a um gajo impotente depois de uma tentativa falhada, linda menina)

Vir ou não vir?

O vai e vem desta valsa fez-me calos nos dedos mindinhos, os sapatos de bailarina já não me servem. Posso ficar no banco, só a olhar e à espera, que o vai e vem termine em... ??

Uma palavrinha sobre masturbação

ui...

(eu disse que era UMA palavrinha!)

Hoje acordei assim...



..e sem ninguém que aproveite... só mesmo eu...

Fixação oral?


Quando era miúda lembro-me de pensar que sexo oral se definia por dizer impropérios à pessoa que se amava ou simplesmente se desejava comer, que bastava olhar e dizer: comia-te já aqui, e estávamos perante sexo oral!

Não me lembro (que chatice) da primeira vez que fiz sexo oral, mas lembro-me muito bem de ir descobrindo ao longo da minha vida de como gosto, de como gosto muiiito de fazer sexo oral. Gosto tanto, tanto, que pensei durante anos que gostava mais de dar do que receber... até que um determinado fulano, hábil de língua e de dedos, que me encheu o coração de amor (e promessas esfarrapadas, é verdade) se lembrou de me comer magnificamente entre pernas... e TUDO mudou na minha vida.

Mas agora não estou a falar do sexo oral que me fazem (faziam??) mas daquele que eu gosto de fazer. No outro dia conversava com uma amiga sobre isso e percebemos que há coisas essenciais para um bom fellatio:
Assim, e sem ser por ordem de importância, é necessário uma atracção física irresistível, daquelas que nos tiram a fome e se confundem com paixão tresloucada, depois disso, evitar tipos atrapalhados, indecisos, inseguros que cortam qualquer desejo (não falando dos preconceitos de cada um, a mim não há coisa que mais me mate o desejo do que um tipo com barriga, gordo, flácido. Pronto, é o que me baralha a mim).
Mas continuando.
Um bom beijo, uma atracção irresistível e toca de ir por ali a baixo... outra necessidade essencial, uns bons boxers, umas boas cuecas, o que for, mas por amordedeus, não custa nada ter um certo brio com a coisa.

E, por favor, não se enganem com aquela treta do "tamanho não importa", infelizmente senhores pouco favorecidos, importa sim... muiito.


E há pilas para todos os gostos, como há das nossas para escolher, claro, mas há pilas divertidas, tombadas, curtas, compridas, largas e longas (oh!!) e cheirosas, suaves como os lábios de quem se beija. Pilas que dão vontade de comer por eternidades, de ficar ali, de ficar muito tempo, a saborear cada instante de mudança de sabor, a sentir cada pulsação cardíaca (dará para tomar o pulso?) da textura da pele na nossa boca, do vai e vem lânguido e sedoso, do arquear das costas, (das dele) e do meu abrir de pernas como se soubesse o que vem a seguir... mas não deixar, não tirar a boca, ficar uma eternidade e meia numa fixação oral como se nada mais no mundo existisse.
Ui... vou fumar um cigarro

Hoje cozinhava-me para ti


eu, nua, em cima da mesa, na toalha de linho branca, de cabelos soltos, tua, solta, acompanhada de batatinhas salteadas, pimentos, vinho tinto e aquele molho que uma vez fiz, lembras-te, daquele que me deixou nódoas nos lençóis?
Lembras-te como escorria por mim abaixo e se confundia com a minha humidade?
Em lume brando até deixarmos queimar tudo, até nos esquecermos dos vizinhos, e de nós mesmos. Tenho saudades de te comer, assim, como tu me comias na mesa da cozinha, entre os coentros, os alhos e as cerejas dos teus olhos...

Isto é o quê?

Isto é o espalhar das minhas brasas, do meu amor, do meu sexo, feminino e genital, aberto, desavergonhado e finalmente meu, teu, quente, sedutor, de horizontes amplos e descuidados.

Pateta católica apostólica romântica?

Há um lugar ao qual eu nunca fui, um lugar que desconheço e que no entanto me traz tanta saudade.
Há um lugar que desconheço que tem uma casa. Nessa casa existe uma cama. Nessa cama, um espaço que eu nunca ocupei, ao teu lado.
Eu nunca lá estive, nesse lugar onde somos felizes, onde tu adormeces ao meu lado, me sorris e me beijas pela madrugada adentro.
Nesse lugar onde eu nunca fui, tu e eu somos um, somos uma vaga do oceano, ondulamos entre amor e sonhos, vivemos todos os dias como se fossem rosas os nossos lençóis, como se a espuma das ondas fossem os nossos cabelos entrelaçados, e as conchas da praia os nossos filhos por nascer.
Nesse lugar onde nunca estive, existe uma mesa onde tu e eu comemos e nos comemos, com o desejo de provar a vida em todos os seus momentos, de a salpicar de sabores e cheiros, onde nos sentamos e os nossos olhos se devoram por entre o vinho que nos corre no coração.
Nesse lugar onde nunca estive existe uma criança, morena como tu, uma flor nascida do meu ventre e plantada por ti, num ritual de paixão, como quem trabalha a terra e a água que existem por entre as minhas pernas e que só tu sabes lavrar.

Nesse lugar onde nunca estive mas onde vou todas as noites nos meus sonhos, nessa casa onde somos um, eu espero-te, sentada no alpendre, com um livro no colo na esperança de enganar o tempo.
Os rios correm e eu não os consigo parar. As rugas crescem-me na face e não as consigo apagar. Mas espero-te sentada no alpendre da nossa casa, nesse lugar onde nunca estive, e que no entanto me traz tanta saudade.
Mapa
No teu corpo de guerreiro, moreno e forte, espalhei o meu, a princípio com medo, medo de me perder por entre as tuas coxas, a tua pele quente, para depois me soltar e me render ao mapa do teu peito.
No mapa do teu corpo percorro quilómetros sem me cansar, da tua boca aos teus pés, tudo me dá sede, fome, gula, desvario interminável. O teu peito, o peito mais perfeito onde alguma vez pousei a minha cabeça… é masculino, sedoso, um campo de batalha onde o teu coração se divide em dois, em quatro, e que me recebe como um mar de espuma e onde os meus dedos se perdem a brincar nos teus novelos.