sábado

O tabu do sexo

A visão desta semana traz um artigo sobre os portugueses e o sexo.

Nada que desconhecesse, enfim, mas choca-me comprovar aquilo que vejo entre as mulheres que circulam no meu meio profissional, a saber:

18,3% pensa em sexo algumas vezes por ano (é mais fácil pensar no LCD que está à venda por 46 prestações)

Apenas 69,8% tem prazer quando tem relações (o que será que têm os restantes 30%? Dor de cabeça, náuseas, alergias?)

47,1% NUNCA praticou outra coisa que não sexo na posição de missionário (somos um país dedicado à religiosidade e não se põe a boca em qualquer lado - esta faz-me lembrar uma expressão da minha mãe - não sabes onde isso andou!)

58,3% atinge o orgasmo, o que quer dizer que a outra metade fica a ver navios?

e... 63,4% das mulheres nunca, nunca se masturbou...

Mas se 38,1% dos inquiridos não tem medo nenhum (dos apresentados no artigo) em relação ao sexo, estamos neste estado de coisas, porquê?

Não é por medo, já percebemos, será por vergonha? Vergonha de dizer o que se sente, o que se pensa, o que se deseja?

Chegou-me um caso de um fulano que adorava ser submisso, ser tratado com desprezo por uma dominatrix de botas altas e chicote, mas isso era um segredo que ele guardava e que só praticava com os casos que tinha, extraconjugais. A mulher, aquela com quem vivia, partilhava uma casa, filhos, uma vida, essa não sabia de nada. Perguntei-lhe porque não se abria com ela, porque não partilhava essa sua faceta, esse seu lado da sua personalidade, a sua verdadeira expressão mais profunda, mais íntima de si mesmo.

A resposta foi um lacónico: não sou capaz, e se ela me acha anormal e me deixa e conta a toda a gente?

Partilhamos o emocional, o físico, o intelectual, mas o sexual está repleto de tabus, vergonhas, anormalidades, coisas feias e pecados. Aprendemos a ver o sexo como proibido, passamos a vida toda a brincar com sexo nas conversas, com os amigos, na televisão, mas não nos abrimos na nossa sexualidade, nem mesmo com os companheiros. Não exigimos uma sexualidade franca, poderosa, libertadora.

O sexo é apenas orgasmo para a maior parte das pessoas, e se não o temos, não temos nada.

(já agora, engraçado ver que para pessoas dos 65 aos 75 anos de idade, o fellatio é comum, mas nada de cunnilingus, ou seja, há para aí muita velhota que faz sexo oral mas que provavelmente nunca na vida provou as delícias de lho fazerem a ela).
Tss tss